
Mas no fundo, no fundo somos tão felizes quanto aparentamos?? Somos tão felizes quando olhamos em volta e percebemos o que nos falta[temos tanto,e sempre queremos mais e mais? São perguntas que rondam minha cabeça e quase sempre a resposta é não...
De tanto perceber que as pessoas se afastam da gente quando estamos deprê, eu criei uma personagem feliz que incorporo com a facilidade de um estalo de dedos. Lembro um dia desses que estava pra baixo, por problemas ocorridos naquele dia e recebi o telefonema de um amigo... Fiquei assustada com a facilidade com que atendi o celular e fiz uma verdadeira festa para o rapaz. Ele me disse que estava se sentindo tão chateado e que tinha sido bom ligar pra mim e receber toda aquela energia positiva... ahahah... Energia positiva era o que não tinha naquele momento, na verdade, eu tava mais pra amarrar uma pedra no pescoço e me atirar no mar... ahaha... Mas mesmo assim passei toda aquela "felicidade contagiante".
De onde veio essa personagem? Não é uma faceta hipócrita, porque eu não finjo ser quem não sou, simplesmente finjo estar com uma alegria que não estou[Não quero que as pessoas sintam pena de mim]. E de tanto pensar a respeito, acho que veio de ser discriminada pelos meus momentos tristes. Por sentir que as pessoas se afastam de você e te rotulam de derrotados/pessimistas, apenas porque você se permitiu estar triste...Nesse momento acabo odiando todo mundo.
Não!!! Não é permitido está triste! Se estiver, precisa sair pra dançar sem vontade, conversar com pessoas que não tá a fim, ir ao cinema ver filmes que detesta, rir quando a vontade é chorar, contar piadas quando precisamos nos lamuriar... Não!!! Infelicidade, tristeza, dor de cotovelo e tudo que é down, não é permitido na nossa sociedade. Ser feliz é a pauta do dia...
Que grande armadilha todos caímos, todos vivemos, todos funcionamos! Claro que tem os que se revoltam e dizem que são o que são e pronto... São aqueles que recebem os apelidos de "malas", chatos, pessoa difícil e tantos adjetivos pejorativos que pesam aos ombros....
O que fazer? Talvez raciocinar a respeito e ver a linha tênue que nos separa do que precisamos ser em essência e o que a indústria da felicidade, do Prozac, nos impõe...
Confesso que cada vez mais percebo a personagem feliz que me salva e tento usá-la ao meu favor, não deixando que ela tome a frente e eu acabe por me perder dentro de mim, sem saber como sair de lá, sem poder manifestar minha tristeza. Acho que por isso vem a minha vontade de chorar, seja lá onde for, pra dizer que aqui dentro ainda habita um ser humano...
Preciso sair para ver o sol de outro planeta...
Bye;Flor
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